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Encontros Nietzsche

Os Encontros Nietzsche consistem num fórum permanente de debates acerca da filosofia nietzschiana. Promovidos duas vezes ao ano pelo Grupo de Estudos Nietzsche (GEN), recebem seus parceiros intelectuais, tanto da cena acadêmica nacional como internacional. Ocorrendo sempre nos meses de maio e setembro, é também a ocasião em que o GEN apresenta suas publicações.

Apoio:

XL Encontros Nietzsche

"Nietzsche: Tempo e História"

Em seus escritos de juventude, Nietzsche entende que a cultura declina quando comandada pelas ciências históricas e naturais. O maior dano é que, ao se deterem somente nas aparências, as ciências naturais e históricas ficam com o que passa, ao invés do essencial e eterno, arremessando o homem no tempo, que Nietzsche entende como Kronos, o tempo que devora seus próprios filhos. Os instintos místicos são desarticulados pelo gênio teórico que, através do emprego desmedido da causalidade, exacerba as forças apolíneas, impedindo a experiência da eternidade. Para o jovem Nietzsche, essa propensão perversa só poderia ser interrompida pelas forças suprahistóricas da arte e filosofia, bem como por uma mobilização valorativa da história. 

Ulteriormente, porém, especialmente a partir de Humano, demasiado humano, Nietzsche proclama a sua filosofia histórica. Em antagonismo à filosofia metafísica, a filosofia histórica tem como seu traço distintivo a primazia conferida ao vir-a-ser em detrimento do ser, ao sentido histórico em detrimento do suprahistórico. Exige-se, então, uma terapêutica da tradição filosófica visando ao refreamento de sua tendência à desistoricização; o filósofo deve reeducar-se emocional e intelectualmente para aprender a lidar com o perecimento, a morte e, no limite, com o tempo, ou o foi assim, de uma nova forma, livre e afirmativa. Mediante a correção desse defeito hereditário de todos os filósofos, a saber, a falta de sentido histórico, ele será capaz de aceitar que tudo veio a ser, e que não existem fatos eternos ou verdades absolutas, quer no domínio da natureza, quer no domínio das humanidades. Aprendendo a reconhecer o valor do vir-a-ser, o novo filósofo abandona os antigos procedimentos abstratos da tradição filosófica (dialético-dedutivos) para, então, buscar subsídios nas ciências naturais e históricas.

O real alcance desse projeto filosófico heterodoxo, promovido por Nietzsche em seus escritos dos chamados períodos intermediários e de maturidade, começa a ficar conhecido após o término da publicação da edição crítica providenciada por Colli-Montinari, impelindo, doravante, o surgimento de uma profusa gama de investigações, sobretudo em nossa atualidade. Pretende-se, no XL Encontros Nietzsche, oferecer contribuições para esse debate em curso, central tanto para o adequado entendimento do pensamento nietzschiano em sua integralidade, como para os rumos singulares tomados pela filosofia na contemporaneidade.

Coordenação do evento

Prof. Dr. Eduardo Nasser

Programa de Pós-graduação

em Filosofia (PPGFIL)

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